Galguei montes e valados
Voei pelas nuvens e estrelas
Deitei-me com mulheres de casados
mas não fiz amor com elas.
Até pelos céus perseguido
e lancetado pela raiva dum raio
Num mar tenebroso caio
e logo num Mar Morto erguido
Mil abutres em mim debicaram
e não me acudia aquela gente
e bocados de mim em semente
pelo universo espalharam
No deserto, sobre areias amarelas
Corri com os pés me escaldando
como louco percorri vielas
sobre espinhos que ia pisando
Mergulhei na escuridão dos abismos
empurrado por demoníacas criaturas
Sofri safanões de tantos sismos
e fazia a minha cama em sepulturas
Ao escapar do fosso das serpentes
vieram vampiros e me rodearam
e do sangue que me roubaram
tinham tingidos seus dentes.
O meu sangue já era rio que corria
inundando tudo por onde passava
Tamanhas eram as dores que sentia
e o paraíso onde é que estava?
Nas masmorras da prisão
deram-me a beber vinagre
Agrilhoaram-me o coração
mas, já estava perto o milagre!
Foi pesadelo ainda bem!
suspirei ao acordar
e para quem sonhos tem
que continue a sonhar!...
d`amora azeitona